Com perspectivas sombrias para a economia nacional em 2015 a construção civil que já funciona como motor econômico de Balneário Camboriú ganha relevância e pode ser um alívio para um período cujos indicadores não são dos melhores. Redução dos estoques de apartamentos prontos, busca do investidor por segurança em momento de crise e mercado diferenciado são vantagens comparativas a nosso favor.
O secretário do Planejamento, Joni Antônio Moi, cuja família tem imobiliária, sempre repete que as vendas estão boas e dessa vez adiciona uma lembrança para mostrar a saúde da construção em Balneário Camboriú: há mais de 15 anos nenhuma construtora importante da cidade quebrou.
Uma consultoria contratada pelo Sinduscon (o sindicato dos construtores) concluirá em fevereiro a atualização do Panorama da Construção Civil na Região Sul, mas o presidente da entidade, Carlos Humberto Metzner Silva, antecipa que provavelmente os resultados referentes a Balneário Camboriú serão ainda mais impressionantes do que em 2013.
Naquele ano a mesma consultoria apontou a cidade com um perfil predominante de construtoras médias; com um ritmo de obras razoável e -aí está o segredo do negócio- um elevado valor de venda por metro quadrado.
O Valor Geral de Vendas (VGV) é a estimativa do valor somado de todos os imóveis em estoque e Balneário Camboriú, comparando com outras cidades, inclusive maiores, aparecia na terceira colocação atrás apenas de Curitiba e Porto Alegre. Por exemplo, Florianópolis lançou o dobro de unidades habitacionais que Balneário, mas nosso VGV era 40% maior.
O presidente do Sinduscon aposta que no levantamento do próximo mês Balneário aparecerá com 20% mais VGV, encostada em Curitiba e Porto Alegre, superando as principais cidades-pólo do Sul do país.
Isso ocorre porque a área que desperta mais interesse dos compradores de apartamentos em Balneário, o eixo central ao longo da praia, é diminuta, limitada, portanto supervalorizada. Mesmo com as dificuldades econômicas dos dois últimos anos reduzindo as margens de lucro, elas ainda são altas e mantém as empresas saudáveis.
Enquanto que a maioria dos mercados imobiliários atrai moradores da própria cidade, Balneário Camboriú tem o Brasil como clientes potenciais. Não interessa se o comprador mora em Passo Fundo (RS) ou Dourados (MS), se ele quer imóvel na praia e tem dinheiro para pagar, somos uma opção imediata e fortemente competitiva.
Protocolo fechado regulou o mercado
Há dois anos a análise de novos projetos está suspensa por parte da prefeitura enquanto é discutido o novo Plano Diretor e isso, além de diminuir a oferta, deu tempo para que as construtoras aliviassem seus estoques.
“Acho que salvou a economia da cidade” sintetiza o ex-secretário do Planejamento Auri Pavoni. Ele lembra –e é verdade- que esse processo foi transparente, todos os construtores sabiam que o protocolo seria fechado e se prepararam para isso.
O ex-secretário disse que a pausa também serviu para que a comunidade discuta, no âmbito das audiências de revisão do Plano Diretor, o que a cidade quer para o futuro, qual deve ser o ritmo do seu desenvolvimento e de que forma isso pode acontecer.
O construtor Nivaldo Pinheiro, um dos principais da região, destacou que janeiro foi “bem positivo” raciocinando que a incerteza da economia e da política com o episódio Petrobrás geram insegurança que levam ao investimento em imóveis, porque o comprador garante seu capital e ainda pode aproveitar para lazer ou renda.
Nivaldo propõe que a cidade, passada a temporada, discuta com tranquilidade e equilíbrio seus problemas. Ele considera que risco de falta d´água e deficiências no esgoto apequenam a cidade. Sua opinião é que a Emasa deveria cuidar apenas de saneamento básico, não atuar em limpeza pública, porque não é especialista nisto.
Ele também concorda que o freio no protocolo de novas construções foi fundamental para regular a oferta.
Publicado originalmente em: http://www.pagina3.com.br/
Por Waldemar Cezar Neto
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